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Promotor do diabo: Rousseau defendia bandido?

Enquanto Rousseau favorece os que falam da vontade do povo expressa no ato da rua, a esquerda deveria pensar em dar um pouco de razão de Estado para essas pessoas que dizem preferir Thomas Hobbes.
por André Ortega | Revista Opera

Ele nasceu pobre, sua mãe faleceu no parto e o pai o abandonou. Foi repudiado por seus contemporâneos, portava uma doença custosa, saiu vagando por cidades desconhecidas e por diferentes religiões; foi perseguido como um rebelde e rejeitado pela sociedade.

Se apresentando como um livre-pensador, teve a coragem de atacar a “Era da Razão” no seu ápice, não poupando seus representantes como Voltaire, Diderot e a sagrada Enciclopédia. Com o coração ferido, foi tratado como criminoso e até como louco, para no leito da morte assistir o triunfo de seu maior rival.

A apoteose vem depois da morte. O herege ajudou a reviver o sentimento religioso, elevou a moral de uma França que o perseguiu, foi um patrono dos românticos e da Revolução Francesa, influenciou grandes poetas como Byron e Keats, filósofos desde Kant a Schopenhauer, a ética de Tolstói, a revolução de Karl Marx….

Como disse Will Durant, Rousseau (“Russô”) teve mais efeito sobre a posteridade do que qualquer outro autor do século XVIII.

Mais do que livre-pensador, ele sempre confessou que a força de seu coração o impulsava.

Quando foi duramente atacado em vida, condenado pela Igreja e proibido em três Estados, Jean-Jacques começou a ler a sua defesa pelas ruas de Paris, mas seus adversários conseguiam uma proibição para suas leituras públicas.

Hoje Rousseau é respeitado, mas dificilmente tem defesa contra seus agressores. Mais do que a calúnia, Rousseau sofre a injustiça de ter suas ideias diluídas, tratadas sem devida consideração.

Não são muitos os que se dedicam a estudá-lo, muito menos o adotam como pensador favorito. Não existem “Rosseaunistas”, mas existem os anti-Rousseau.

Muitos abusam de ideias que o autor ajudou a desenvolver e até pessoas comuns se dispõem a apresentar a suposta “tese central de Rousseau”. Rousseau seria um apóstolo da “bondade natural do homem”.

Não faltam vulgarizações. A visão adolescente é de que Rousseau defendeu pura e simplesmente o estado da natureza, o bom selvagem, o inocente. 30 anos de pensamento reduzidos a isto.

Existe também a visão do universitário pouco interessado, que rouba a vida do pensamento, não leva muito a sério. Ele pensa na tal “bondade natural” mais como um ponto, uma metáfora, como se Rousseau fosse um enlatado acadêmico ou simples demais para o mundo dos cientistas sociais (oh, esses semi-deuses que deixam um deserto árido por onde passam).

Na época da rede tudo piora. A Internet está cheia de gente incapaz de opinar, de debater ou de organizar o pensamento. Saem usando conceitos a torto e a direito, sem leitura, com pressa de participar de conversas sem saber sequer que língua estão falando – como o bebê que balbucia quando escuta os adultos se comunicando.

Meu pai uma vez veio me perguntar “o que acho” dessa “teoria” de Rousseau. Como assim o que eu acho? “Se você concorda”, questionou.

Meu pai não estava contente com a tese que seria a origem de uma leveza no trato com a criminalidade: o bandido é naturalmente bom, a sociedade o corrompe.

O texto tinha chegado pela internet: era um ataque contra Rousseau feito por um promotor de justiça! Até depois de morto um promotor para perturbá-lo.

Rodrigo Merli Antunes assinou um artigo no espaço do blog do Fausto Macedo, do Estadão, intitulado “O diabo é príncipe desse mundo” (26/03/2017). O promotor de Guarulhos pretende desmontar “argumentos de quem defende bandidos”:

“O primeiro deles é a afirmação de que os infratores da lei são vítimas da sociedade. Como sabido, tal raciocínio parte da premissa do filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau, esta no sentido do ser humano ser originariamente incorruptível, se tornando eventualmente mau por conta exclusiva das pessoas e do meio social que o cercam. Entretanto, parece que Rousseau nunca leu a Bíblia! Ora, o ser humano não é originariamente bom. A verdade é exatamente o contrário. Ele já nasce corrompido e separado de Deus. Basta lermos as Escrituras Sagradas.”

Isso tem alguma coisa a ver com Rousseau?

Antes de tudo, existe um problema radical na linguagem: se o ser humano é incorruptível, ele não pode ser “eventualmente” corrompido por conta das pessoas e do meio social. O promotor tem dificuldade com lógica e seu argumento não faz sentido.

Dizer que algo “naturalmente bom se corrompeu” não é dizer que o corrupto é bom, pelo contrário. O que era bom antes se tornou corrupto, portanto não é mais bom, tão pouco era incorruptível.

Afirmar que a corrupção se forma na sociedade não é justificar a corrupção nem repartir a culpa, é sim explicar como ela funciona e se desenvolve. Não tem nada aí “defendendo o criminoso”, muito menos dizendo que o criminoso na verdade é uma pessoa boa.

O senso comum mais básico dos adultos já mostra como essa doença se espalha socialmente – diz o ditado que uma laranja podre estraga todas laranjas de um cesto.

Uma “laranja” podre mantém relações sociais com as outras laranjas, dentro da instituição que é o “cesto”. Todas as laranjas, incluindo as que entram depois, aprendem uma cultura corrupta – aprendem a dar um jeitinho, a passar por cima dos regulamentos, etc.

Os pais dizem aos filhos para não se meterem com gente errada, não andarem com a turma errada. Outro dito popular, este com ares bíblicos, declara: “diga-me com quem tu andas, que eu direi quem tu és”. A Bíblia não possui essa citação, mas lança suas bases:

Quem anda com os sábios será sábio; mas o companheiro dos tolos sofre aflição.”(Provérbios 13:20)

“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores” (Salmos 1:6)

“Não vos enganeis. As más companhias corrompem os bons costumes.”(1 Coríntios 15:33)

Não é à toa que o argumento rudimentar do promotor precisa apelar para a Bíblia. Quer justificar sua posição de alguma maneira com farisaísmo. Ele ainda cria guarida dizendo que “não é preciso ir até a Bíblia, basta ler Thomas Hobbes”, filósofo inglês um século mais antigo que Rousseau.

Existe um defeito lógico na cabeça dos estudantes de direito no Brasil que se fascinam pelo hobesianismo regurgitado: eles não lembram que, estritamente, o estado de guerra de todos contra todos cessa com o pacto social e o Estado civil.

Eles criam uma ideologia jurídica de estado de guerra permanente onde eles são os justiceiros e isso ganha corpo num movimento de magistrados, que acreditam que sua unidade corporativa vai salvar o Brasil.

Rousseau não pensava em um “animal humano” bom por instinto, mas pensava em um ser humano mais como uma folha branca moldada por suas relações sociais; ainda assim ele ia equilibrando determinações externas com o livre arbítrio.

“Natureza” não trata aqui de biologia ou de animalidade, mas da razão que cada um tem dentro de si e é capaz de desenvolver. Naquela época, essa filosofia ia contra o naturalismo vulgar.

Nada disso quer dizer que tudo são flores. Existe consciência da contingência da vida humana, o que em termos religiosos é a separação do homem de Deus e todo o mal que povoa nossas vidas, espreitando nossos corações.

No prefácio do Discurso sobre a Origem da Desigualdade, o pensador enumerou fatores que impactam na alma humana (âme humaine) e que limitam o livre arbítrio. Usa a metáfora da estátua de Glauco, que está sólida mas é afetada pelo tempo, pelo mar e pelas tempestades.

Ao contrário do que o promotor faz pensar, Rousseau enfatiza o papel das paixões no desvio do ser humano e não exclui a constituição do corpo (o que mais tarde, no texto, o promotor trata como determinante no caso dos psicopatas).

Rousseau era um filósofo. Ele não sentou uma vez em um bar e disse “puxa vida, bom mesmo era o bom selvagem”. Não foi um lamento isolado, um gemido de uma criança, mas uma vida de pensar que virou uma obra.

Essa obra é um corpo de reflexões sobre a natureza, a política, a liberdade e a corrupção.

Em um pedaço dessa obra é manifesto o ceticismo sobre o desenvolvimento da sociedade, onde o homem cria algo que no fim se volta contra ele e o domina (precedendo as teorias da alienação e fetichismo de outros pensadores).

Eu digo “um pedaço” pois o ápice dessa posição é um argumento exagerado feito para um concurso de letras! Foi formulado no Discurso sobre as ciências e as artes, sua primeira obra de relevância filosófica!

Respondia a uma pergunta da Academia de Dijon: “a restauração das ciências e das artes trouxe a restauração da moral?” Diderot, que estava preso mas defendia a civilização, recomendou que Rousseau fizesse um texto contra no intuito de ganhar.

Ali se apresentou como um pessimista da razão e do progresso, sua crítica foi condicionada depois da sua publicação, mesmo que ele tenha elaborado em parte essa posição, como fez quatro anos mais tarde no “Discurso sobre a origem da desigualdade”.

A vida e a liberdade humana estão sujeitas a areias movediças. “Suas relações exteriores são mais produtos da chance aleatória do que da sabedoria”. Nessa metáfora, quanto mais coisas não temos controle, mais areias movediças, o que inclui o poder que outras pessoas exercem sobre nós.

Aqui, seres humanos guiados pelo instinto básico de autopreservação e por paixões que surgem na sua história começam a buscar vantagens comparativas entre eles mesmos. Para Rousseau, é essa busca que comprometeu a liberdade e aumentou o número de areias movediças.

A busca pelo poder e o autointeresse teriam aprisionado as pessoas num ciclo vicioso que favorece o mal e a infelicidade, consolida a escravidão e atrapalha a razão, o livre arbítrio bem exercido.

Em suas famosas reflexões sobre educação, Rousseau vai ter o objetivo especial de libertar o seu pupilo, seu “Emílio”, dos pesos psicológicos de se preocupar com a opinião dos outros, com as aparências, com o medo, com a mentira. É uma luta pedagógica para devolver aos seres humanos sua independência e sua razão, independente das convenções e dos privilégios.

A pedagogia do Emílio não prescreve o máximo de isolamento por dispensar qualquer educação, mas por considerar o ambiente muito nocivo e corrupto, dominado por mentiras e competições, por hipocrisia, luxos e vaidades – a criança absorveria muito as habilidades de uma cobra social sem aprender a pensar sozinho e ter habilidades úteis.

Não se trata de decretar a criação de um rousseaunismo. Um pensador pode influenciar mais ou menos o pensamento de uma pessoa. “Emílio”, por exemplo, é um grande marco, mas um trabalho ambicioso muito problemático do ponto de vista da pedagogia desenvolvida.

Sempre com cuidado, já faz algum tempo que acredito que esses textos de Rousseau são importantes para a reflexão política, para pensarmos na condição muitas vezes insuportável de nossas vidas modernas.

Rousseau, descontente com a vida urbana, estava denunciando a falsidade da sociedade parisiense, dos “esclarecidos” e lembrando de seus tempos idílicos no interior de Genebra: uma vida mais natural, mais tranquila e mais familiar.

Sua distinção de Hobbes no que concerne à guerra de todos contra todos não é uma simples constatação da “bondade” da natureza humana conforme entendida no senso comum, mas uma defesa de uma natureza política. Rousseau defende o primordialismo político de Aristóteles contra a tese do absolutista inglês: a família é a sociedade mais antiga e natural.

Notem que o ideal preferido de Rousseau sequer era o humano vagando livremente em uma imaginária existência pré-social, mas um estágio onde existiam as famílias patriarcais e os grupos tribais, porém sem a propriedade privada instituída.

A humanidade viveu o máximo de sua felicidade nessa época ideal porque mesmo com a dor, os defeitos, as doenças e as punições, não existiam leis fora da autoridade parental e da disciplina familiar.

Em uma carta escrita para Voltaire, “Sobre a providência”, Rousseau defendeu a vida simples e atacou a concentração urbana. Segundo ele, Deus não tinha culpa ou desinteresse pelas vítimas do terremoto de Lisboa, mas as pessoas são responsáveis por desafiar a natureza com cidades frágeis tão amontoadas.

Voltaire havia escrito que “poucas pessoas gostariam de renascer nas mesmas condições de vida”, ao que Rousseau respondeu que isso só é verdade para ricos entupidos de prazeres, entediados com a vida, sem fé; o mesmo para homens de letras sedentários, reflexivos e descontentes. “Isso não é verdade para pessoas simples como a classe média francesa ou os aldeões suíços. É somente um abuso da vida que torna a vida um problema para nós.”

Para o espanto dos direitistas, Rousseau termina a carta implorando a Voltaire que formulasse uma “catequese do cidadão” que inculcaria boa moral nos homens naquela era de confusão.

“Eu sofri demais nessa vida para não ter esperança em outra. Todos os detalhes da metafísica não me farão dúvida, nem por um momento, a Providência beneficente e a imortalidade alma. Eu sinto isso, eu acredito nisso, eu desejo isso; (…) Eu vou defender essas crenças até meu último suspiro.”

O Brasil vive uma época em que é presa de técnicos jurídicos, de visão estreita e mente de concurseiro. Apesar da pretensão de ser uma elite intelectual, eles não se negam a arroubos fundamentalistas, como o de decidir uma discussão que se arrasta por séculos apelando para a Bíblia.

Não contentes com as pretensões de poder político, eles também se aventuram a ser articulistas, nos presenteiam com livros e jogam lixo no túmulo de grandes pensadores do passado para tentar justificar suas posições.

É uma barbárie disfarçada de cultura atacando a cultura verdadeira. O promotor grasna a palavra “criminoso” enquanto encobre os próprios crimes contra o bom pensamento.

O concurseiro diz que parece que Rousseau nunca leu a Bíblia, mas parece muito que é o concurseiro que nunca leu Rousseau.

Mal sabe ele que o filósofo estudou teologia e passou por momentos extremamente religiosos (no jansenismo). Frente à decadência que descrevemos, Rousseau recomendou: “O melhor que nós podemos fazer é estudar os Evangelhos de novo e tentar limpar nossos impulsos malignos praticando a ética do Cristianismo.”

Mais ainda, Rousseau promoveu uma revolução copernicana com sua teologia do coração: “acredito, sei, porque meu coração me diz com toda força”, se indispunha ele com ateus em banquetes.

No artigo do promotor vemos a sugestão que psicopatas nunca deveriam ser soltos. Independente do que deveríamos de fato fazer com os psicopatas que ocupam o crime organizado, a polícia, o judiciário, as empresas e nossas vizinhanças, muitos apoiadores do texto flertam com a pena de morte.

Quem nunca leu Rousseau, principalmente na sua fase mais madura (a do Contrato Social, da ideia de Vontade Geral), pode acusá-lo de “defender bandido”. No capítulo cinco do Livro Segundo do Contrato, “Do direito de vida e de morte”, está registrada uma marcante e radical reflexão da pena de morte.

Fundamentalmente, dentro dessa argumentação Rousseau defende que mal-feitores podem ser mortos, pois estão atacando o próprio direito social, como uma questão de conservação do Estado, que é uma forma radical de república abarcando a vida de todos os cidadãos.

No decorrer da sua vida, Rousseau vê coisas boas na natureza e se dedicou a buscar maneiras de lidar com a decadência – como ser mais natural, livre, cândido, como ser um cidadão melhor e reconciliar nossa liberdade com a coisa pública.

Não é errado dizer que Rousseau tem uma ideia de “o homem natural é bom”, uma boa natureza que você busca cultivar e proteger das influências corruptoras. O problema são as simplificações. Não é custo lembrar, também, que a reação monárquica ultra-conservadora na Europa contrapunha essas ideias com argumentos parecidos com o do promotor.

O coração não é tão distinto da razão – o problema é que para ele, na sua época a “razão” estava contaminada por algo que nós podemos chamar de uma lógica instrumental, pela busca por vantagens comparativas, pela competição e a vaidade.

Um coração perturbado pelas paixões trás uma razão embaçada. Isso é facilmente testemunhado por nós quando vemos direitistas babando ódio contra tudo, atacando pessoas gratuitamente, espalhando mentiras, etc.

Pensando no meu pai, mal sabe ele que concorda mais com Rousseau do que imagina: sua idealização de um retorno para o campo (de onde veio), ir para o mato, se afastar da cidade, sua insatisfação com o noticiário, com as pessoas, sua desconfiança com o Estado e seus agentes, seu choque com a barbárie diária, com os males da sociedade urbana e massificada.

Tenho saudade de rever nas currutelas
As mocinhas nas janelas acenando uma flor
Por tudo isso eu lamento e confesso
Que a marcha do progresso é a minha grande dor
(Mágoa do Boiadeiro, Elias Costa “Índio Vago” e Nonô Basílio)

A teologia política do diabo

Do alto da sua sofisticação teológica, o concurseiro de Guarulhos não fornece muito pano para quem quer refletir sobre as razões de uma sociedade ser mais doente que outra, mesmo que todas compartilhem a queda e o pecado.

Um ano depois do texto no Estadão, a direita raivosa continua compartilhando-o em seus portais e redes de mensagem para esbravejar contra o “defensor de bandidos.”

É engraçado: eles adoram clamar pelo “povo na rua” como fizeram com os patos em 2016, falam da “vontade do povo” e “o povo brasileiro” sem se dar conta que sem o “defensor de bandidos” isso nem faria tanto sentido. Rousseau é o padrinho da ideia de uma vontade popular superior, acima das vontades individuais somadas e que pode ser manifesta diretamente.

Eles não percebem a dívida que possuem com Rousseau e com a ala radical da Revolução Francesa.

Enquanto Rousseau favorece os que falam da vontade do povo expressa no ato da rua, no ato massivo que traduz uma essência, a esquerda deveria pensar em dar um pouco de razão de Estado para essas pessoas que dizem preferir Thomas Hobbes. Imaginem só a tropa de choque batendo nos patos (ou nesses que agora atiram contra a caravana de Lula) – aos que querem choque de gestão: choque de autoridade!

Por fim, promotores pretensiosos deveriam tomar mais cuidado, principalmente quando misturam religião com argumento de vida pública – eles que se pretendem tribunos do povo.

“O diabo é príncipe deste mundo”, essa é uma teoria política interessante, onde o poder não nasce do povo nem muito menos ele governa. O promotor não gosta mesmo de Rousseau e das ideias de soberania popular!

Quem trabalha no poder público e vive de levantar a espada deveria perceber a ironia de declarar que o diabo é príncipe deste mundo.

Ou talvez prefiram se imaginar como representantes de um dos poderes do principado de Satanás.

Muito se fala de como eles compartilham ideias através de um negócio chamado de “comunidade epistêmica.” Quando leio um texto desse e vejo essa ideologia punitiva, me pergunto se não é uma seita.

Essa seita ataca o maldito Rousseau e acredita que já estamos no inferno – cabe aos fariseus, com seus terninhos, cumprir o papel de ajudar o tinhoso a punir as almas pecadoras.

Ironias a parte, a situação do país está infernal e o diabo o tempo todo precisa de assistentes. Eis a nova geração de promotores: servir ao capeta antes de servir ao povo.

Referências

DURANT, Will e Ariel. THE STORY OF CIVILIZATION – vol. 10: Rousseau and Revolution, World Library Inc., 1994. (original publicado em 1967)

GREGORY, Mary Efrosini. Free Will in Montaigne, Pascal, Diderot, Rousseau, Voltaire and Sartre. Peter Lang Publishing, Nova Iorque, 2012.

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